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Ex-aluna do IFSP é aprovada em sete universidades internacionais

A estudante vai cursar Neurociência nos EUA ; o desafio agora é levantar recursos para moradia e alimentação 

  • Publicado: Quinta, 18 de Junho de 2020, 15h13
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 Foto: arquivo pessoalFoto: arquivo pessoalJá pensou ser aprovada em sete universidades internacionais? O feito parece dificil, mas foi exatamente isso que Isabelly Moraes Veríssimo dos Santos conseguiu. A ex-estudante do técnico integrado ao ensino médio em Informática do Câmpus Cubatão agora é caloura da graduação em Neurociência da Nova Southeastern University (NSU), localizada na Flórida. Entre as seis instituições “dispensadas”, cinco também ficam nos Estados Unidos, e uma, na Austrália.

O interesse de Isabelly por estudar fora do país surgiu no meio do ano passado, quando ainda cursava o ensino médio. Na época, contratou um profissional que oferecia mentoria em oportunidades internacionais, e ele chamou sua atenção para essa possibilidade. “Antes disso, nunca tive muita vontade de estudar fora, sempre valorizei muito os recursos do Brasil, o Brasil em si, e a ciência que é feita aqui. Estudar fora não era um sonho, não era um objetivo da vida”, conta.

Foto: arquivo pessoal

Mas durante a mentoria, conheceu muita coisa sobre gradução, mestrado, doutorado e bolsas de estudo no exterior, e começou a pensar no assunto. O que contribuiu muito para a decisão de pleitear vagas em outros países foi o fato de o Brasil não ter nenhuma universidade estruturada e com curso voltado diretamente à Neurociência. Então, se ficasse no país, Isabelly teria de percorrer um caminho muito mais longo pra se tornar uma neurocientista. Ela explica que primeiro teria de cursar medicina, depois se especializar em neurologia, para só depois se especializar em Neurociência. A estudante lembra que a UFABC até oferece o curso, mas não com foco total ao tema.

Outro fator que pesou na escolha de Isabelly foi a falta de incentivo do governo brasileiro à pesquisa e aos pesquisadores. “Acho que no Brasil a gente tem tanto potencial de fazer ciência, ficava abismada com tanta gente incrivel, com potencial, na minha sala no IF; por outro lado, falta reconhecimento e investimento governamental. Tem muito o que mostrar, mas não tem incentivo”, diz. Para ela,  ainda é muito dificil ter voz como estudante e como cientista no Brasil, “e quando se é mulher é mais dificil ainda ter voz, tem que gritar mais”.  Considerando tudo isso, Isabelly acredita que ter uma formação em uma universidade mais conceituada e voltada totalmente à área escolhida facilitará para que ela tenha voz na ciência, até pra tentar mostrar a realidade que os cientistas estão vivendo aqui no Brasil.

Para garantir as aprovações internacionais, Isabelly começou a se preparar em junho de 2019. Pagou a mentoria com o dinheiro do estágio que fazia e abriu mão da vida social frequente com os amigos e familiares. Um dos grandes obstáculos enfrentados, segundo ela, foi encontrar informações sobre como conseguir bolsa. A estudante diz que essas informações são muito elitizadas, havendo um pequeno grupo privilegiado que já sabe todos os caminhos. Nesse sentido, o apoio da mentoria foi essencial para ajudá-la a achar as informações necessárias, que ficam todas muito escondidas.

A vaga na NSU veio depois de muito empenho. Isabelly precisou fazer o SAT (equivalente ao Enem) e o Toefl,  e escrever uma carta pessoal, que exigia uma descrição minuciosa de suas atividades extracurriculares, passando pela descrição da condição dos pais (o que fazem,  sua trajetória de vida). A estudante conta que houve muitos julgamentos também: por exemplo, no dia em que foi fazer o SAT em Piracibaca, foi uma família conhecida que a levou ao local de prova em um carro simples, e isso gerou olhares julgadores de outros estudantes que estavam lá pra fazer a prova — do tipo “o que essa garota tá fazendo aqui?”.

Desafios imediatos

Isabelly foi aprovada na SNU com bolsa mérito, o que garante a ela recursos em torno de 16 mil dólares por ano, valor que dá para cobrir boa parte dos custos anuais da graduação. Por outro lado, ainda faltam recursos para cobrir os custos com moradia e alimentação. Com o dólar em alta e sem poder contar com os pais para garantir os recursos, a estudante criou uma vaquinha virtual para levantar o dinheiro. Ela diz que precisa de cerca de 50 mil reais para se manter fora por um ano.Ter esse dinheiro disponível é, inclusive, uma das exigências do consulado americano para a concessão do visto de estudante.

Quem tiver interesse em colaborar, pode acessar o site da vaquinha para doações. 

Trajetória estudantil

Isabelly entrou no IFSP como cotista de escola pública e cursou todo o ensino médio na instituição. Segundo ela, essa trajetória escolar foi muito importante para ter a consciência social que tem hoje. A estudante conta que chegou no IF muito crua no que diz respeito a conteúdos: “no primeiro ano fiquei bem receosa, achava que ia reprovar, porque era bem mais difícil que a escola anterior, e eu não tinha uma base muito forte”.  Hoje ela analisa que todo o apoio acadêmico que recebeu foi importante pra entender a própria vivência e as coisas por que já passou.

Foto: arquivo pessoal

Para Isabelly, o IFSP foi essencial para chegar até aqui. No Instituto diz ter conhecido pessoas extraordinárias, das mais variadas crenças e culturas, o que propiciou uma troca muito grande. “A maioria dos estudantes que estão lá escolhe sua profissão pensando em fazer alguma mudança na sociedade, em fazer diferença pra alguém e ser agente de melhora no país.” Se por um lado ela acredita que ainda falta apoio psicológico na escola, por outro lado garante que o Instituto está cheio de professores incríveis, pessoal e profissionalmente, que acolhem muito. “Sempre senti que o IF era o lugar em que deveria estar, na hora em que deveria estar. Foi uma segunda casa por muito tempo.”

A necessidade de se sentir em casa pesou novamente na escolha de Isabelly entre as universidades em que foi aprovada. Ela diz que analisou a relação custo/beneficio , considerando a qualidade do ensino e as exigências monetárias. Optou pela SNU, uma faculdade, em sua palavras, bem estruturada e bem acolhedora. “O pessoal todo de lá da universidade foi muito acolhedor, ligaram pra saber das minhas condições; foi uma faculdade com a qual me identifiquei muito.” 

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