Estudante do IFSP inicia intercâmbio em Moçambique
A estudante está no país africano para realizar sua pesquisa de iniciação sobre etnomatemática nos terreiros de Umbanda
A estudante do IFSP Franciele Gislaine Araújo Pereira iniciou, no começo de agosto, seu intercâmbio na Universidade Pedagógica de Maputo (UPM) em Moçambique. A discente de licenciatura em Matemática do Campus Campos do Jordão ficará quatro meses no continente africano para realizar parte de sua pesquisa de iniciação científica intitulada “A etnomatemática das encruzilhadas: narrativas de babalorixás e ialorixás sobre seus saberes e fazeres nos terreiros de Umbanda”.
Franciele e professor ElIsio na UPMNa UPM a estudante está participando de diferentes atividades de pesquisa e ensino para entender as tradições africanas e moçambicanas, o pensamento filosófico deste continente e o movimento histórico de saberes e fazeres que influenciaram e influenciam o desenvolvimento da manifestação cultural afro-brasileira da Umbanda. Franciele é orientada na UPM pelo professor Dr. Elisio Machikane Tivane. Atualmente, Tivane é diretor adjunto da Pós-graduação e Pesquisa, na Faculdade de Ciências Naturais e Matemática e é um dos pesquisadores que empreende e continua o legado do ex-professor da UPM Paulus Pierre Joseph Gerdes, pioneiro nos estudos sobre Etnomatemática.
No Brasil, a estudante é orientada pelo professor Everaldo Gomes Leandro, e sua investigação se insere como uma das ações dos Grupos de Pesquisa Peabiru: Estudos Decoloniais para Sulear a Educação Matemática (IFSP-CJO) e Serafim - Estudos e Pesquisas para Adiar o Fim do Mundo (SERAFIM-IFSP). Para Everaldo, a principal contribuição da pesquisa de Franciele está associada à compreensão da matemática desenvolvida pelo grupo cultural que ela investiga a partir da narração de experiências dos líderes e protetores dessa manifestação cultural. “Em Moçambique ela foi em busca de algumas raízes, das intersecções e dos fios que se romperam, devido aos processos de colonização e de colonialidade que passamos e ainda vivemos”, explica.
A pesquisa de iniciação científica é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e o intercâmbio conta com Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE-FAPESP). A BEPE contemplou os custos com transporte, auxílio instalação e seguro-viagem, além de contar com taxa de banca e bolsas para o período em questão, totalizando aproximadamente R$ 70.000 em recursos disponibilizados. Para a elaboração e concretização do acordo de parceria com a UPM, os professores e a estudante contaram com apoio da Coordenação de Relações Internacionais (Arinter) do IFSP.
Os resultados da pesquisa de Franciele poderão indicar saberes e fazeres etnomatemáticos de um grupo cultural específico, possibilitando a reflexão sobre a construção de currículos e o desenvolvimento de práticas na Educação Básica que assumam uma postura decolonial no ensino e na aprendizagem da matemática e que valorizem as contribuições da cultura afro-brasileira na constituição deste país. Segundo a estudante, os saberes etnomatemáticos que existem dentro das práticas de Umbanda vão poder contribuir para um ensino mais humano, para um ensino que valorize as raízes do povo brasileiro. “Aquelas raízes que foram apagadas pelo colonialismo”, diz.
Redes Sociais